sábado, 11 de dezembro de 2010

Menina-mulher



Meus pés audazes seguem cegos em busca do norte,
Enganando o medo e desfazendo os laços do desassossego.
Respiro o ar tétrico do rico, não sinto tesão nisso...
O cheiro que me imponho a sentir, é o de alecrim.

Sinto-me em cadeias de olhares, meu Deus!
Quanta vaidade, quanta teia vestida de amizade.
Quero sair sem cerimônia acompanhada com a sorte
Sem precisar de passaporte para buscar minha volúpia.

Em minha vida, o destino fez-se forte!
Puxou-me os pés do ar e fez-me despertar...
Arrancou-me a menina, fez de mim mulher, vivida e dolorida.

Essa clausura que o destino malvado nos empurra a ser,
Não a visto mais! Não me deixo obedecer!
Peguei minha menina de volta e mesclei, virando menina-mulher.


(((Camila Senna )))

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A própria poesia...



A mulher é a poesia mais viva e exuberante que existe...
Ela é real, palpável e inigualável.

(((Camila Senna)))


Fulana de Tal

Inspirado na Instalação do artista plástico
Domi Júnior do Projeto do Imaginário Periférico
em +-2004 em Três Corações Nova Iguaçu.
O nome da obra era : 
"Fulana de Tal".

 -

Vivi sempre debaixo da mesa
Ali estava toda minha existência
E toda minha sabedoria
Eu e as cadeiras retorcidas
coexistíamos na periferia de meus
sentimentos.

Eu era qualquer uma fulana de tal
E o teto da mesa
Era meu céu de copos coloridos
A cair sobre mim
Alienados dançavam na minha dor
O meu mundo de fundo guardava
No salto alto de um sapato esquecido.
Lembranças alegres dos discos
E quando todos saiam
Eu calçava-os
Eu reinava
Sob e sobre todas as coisas
Sem nenhuma amargura
No doce do tempo infinito
Eu virava a mesa.


(( Ivone Landim ))

Furta cor...




Acredito piamente que o nome dela é primavera...
Quimera? Não, não, se for, é o absurdo mais lindo, mais forte, ao mesmo tempo mais doce que minha vida já viveu para ver...
Quem?
Aquela mulher? Sim, ela mesma!
Que passa o ano inteiro segurando as pontas daqui, dali...
E ainda assim, está sempre a sorrir,
E ainda assim, está sempre a florir,
Cuja flor, a mais valiosa que já vi...
Cuja cor, é furta cor...
A cor de todas as mulheres!



((( Camila Senna )))
 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

          Mãe

Acolher é morrer a cada dor do filho
Vindo ou parido
Mãe não escolhe a semente
mãe é óvulo e sêmem
Sendo ou não uma sentença

Mãe diz que discorda
e mesmo assim dá corda
Para seus filhos brincarem
de amarelinha

Ivone Landim

sábado, 13 de novembro de 2010

Jardim de Clitóris

Na tela em branco do meu jardim
Há uma vagina
que em mim é toda espera
Envolta estão as coisas
que você vê e pinta
Pequenas flores coloridas
Buquê de clitóris surrealista.


(((Ivone Landim)))

Herança

Mãe Preta contava histórias
Pros seus pequeninos dizia
Que a dor só é dor quando
Não se é compreendida

Mãe Preta sentava nos intervalos
Do fardo no banco rústico de seu
Descanso, os pés em pranto

Dizia que a dor fabricava guerreiros
Mãe Preta
Mãe Preta

No riso o tempo distante consolava
Os pequenos e as pequenas
Fios e fias da senzala
Que no choro e no medo amanhecia
No olho o elo do passado
Com o futuro da alforria
Mãe Preta vigiava pra dar
Esperança e alegria
E em seu coração a saudade
E a revolta ficavam de longe cansadas
Só os fios do tempo em Mãe Preta
Iam ficando brancos

(((Ivone Landim)))

Sedução

Canto o homem de meus desejos
e para ele mando flores, faço versos, sopro estrelas
mando chocolates e mastigo o beijo
Abro a boca do céu

Eu canto o homem de meus desejos

Desagua minha vagina
no homem de minhas esquinas

O homem dos meus desejos

não faz esforços
Pois canto o amor que em mim é tanto
e o sexo que em mim é tântrico

Tudo e nada mais é para o homem dos meus encanto...



((( Ivone Landim )))

Apresentação do Grupo Feminino da Baixada Fluminense "Fulanas de Tal".



Para todos os interessados em humaninades, sejam homens ou mulheres... Estamos dando forma a um coletivo feminino com objetivos bem diversos mas com um olhar feminino, carinhoso, atento e sagaz que promete mobilizar vontades e sacudir algumas verdades!
Nasce aqui o Grupo feminino “Fulanas de Tal”.
Chegamos ao consenso que um olhar feminino se faz necessário nesse momento em nossas artes e nas artes que inventamos em conexão com várias outras pessoas na melhor intenção de nutrir vontades.
Mulher é assim: nutre.
Por excelência a mulher nutre ou quer nutrir...
Não só seus filhos legítimos ou não, mas nutrir a todos que ama, nutrir também o mundo em que vive.
Suas palavras, suas ações às vezes tão rotineiras, suas previsões, suas esquisitices e a sabedoria que envolve desde a menina até a senhora tudo isso é alimentar o outro, é se fazer presente, pilar forte, compania!
A idéia inicial é dar as mãos, à mulheres que querem fazer ou que está que está fazendo algo sozinha, quer fazer por outras ou que se encontra calada , em dúvida, incerta e que tem com certeza em seu íntimo uma colaboração única para esse grande quebra cabeça que é a voz feminina em nossa sociedade.
Precisamos ouvi-la, confirmá-la , repeti-la e até contestá-la! Mas deixar calar? Não.
Por isso um espaço físico ou não, estaremos por aqui para acolher cada voz, cada certeza , cada peça e mudar todo tempo a configuração desse desenho feito à várias mãos, colorido, multicultural e com certeza fervilhante!



((( Gabriela Boechat)))

terça-feira, 26 de outubro de 2010

No meu olhar, no seu olhar, no nosso olhar..


Carrego no meu olhar, o olhar de todas as mulheres:
Das fulanas,
Das sicranas,
Das beltranas,
Não importa se é Joaquina ou se é Ana.
Todas com suas nuances, seu jeito de fazer e acontecer.

Carrego no meu olhar, o olhar da força feminina que me inspira a lutar,
A vencer a luta diária do cotidiano do meu diário...
Dos dragões,
Dos leões,
Do bicho de sete cabeças.

Carrego no meu olhar, a beleza da mulher, de todas as mulheres:
Das ciganas,
Das rainhas,
Das princesas,
Das bruxas,
Das profetizas,
Em especial, daquelas que fazem do trabalho sua roupa, seu respirar,
Mulheres idôneas que existem...
Que quase ninguém se importa,
Que quase ninguém as olham,
Que quase ninguém se lembra.

Aquelas, logo ali, que estão à beira do lixão,
Aquelas, logo ali, que estão limpando o chão,
Aquelas, logo ali, que estão com a enxada na mão,
Isso é dignidade misturada com ousadia, misturada com coragem.

Mulheres? Todas únicas e especiais, não existe mulher genérica, foram criadas por DEUS para fazerem a diferença por Toda a Terra.



(((Camila Senna )))
25/10/2010
Grupo feminino "Fulanas de Tal", criado pela Poeta Ivone Landim.

E não quer parar...




Camila Senna
Pele branca feito neblina
Olhos negros que te alucinam
Sorriso lindo sem improviso
Coração latente vem plantar a semente
Caminho mal é seu corpo docemente
Pernas roliças que te convidam
Lábio rasgado, fruto sagrado
Corpo tatuado e todo um passado
Sonhos pintados, e seu destino traçado
Natureza forte, alma intensa
Linda melodia, sua voz a cantar
Magia e energia, é seu habitar
Habitando, não vai querer parar
Impetuosa de escancarar
Carinhosa de inspirar, ela vai te deslumbrar
Sangue quente, ela é atraente
Mulher florescente que vive ousadamente
Ela é persistente e não quer parar... 



((Camila senna))

Vicissitudes....


Hoje estou sensível como bolha de sabão...
tô mimada, querendo ser paparicada, querendo ser notada.
Hoje estou como as flores...
querendo ser regada de amor, desejando ser cheirada, admirada.
Hoje estou como a lágrima...
querendo ser enxugada, querendo ser atendida.
Hoje estou como o frio...
querendo ser aquecida, ansiando ser envolvida.
Hoje estou como a floresta...
querendo ter vida, gritando pra ser protegida.
Hoje estou como lagarta virando borboleta...
trancafiada no meu casulo, sem querer dar de cara com o importuno.
Hoje estou como as folhas secas...
voando sem destino, sem tino, sendo a direção arriscado ou não.
Hoje estou chorosa como o palhaço....
palhaço em final de picadeiro, quando todos vão dormir em seus travesseiros.
Hoje estou como o asfalto em Brasília...
pequena diante do Planalto e sua maestria.
Hoje estou como o barco em plena ventania...
querendo direção, querendo provisão.
Hoje estou como pássaro na gaiola...
implorando vento no rosto, querendo libertação.
Hoje estou como os enamorados apaixonados...
sedenta de amor e um pouco de ilusão.
Hoje estou como a paz...
querendo doses de agitação.
Hoje estou como o ciúme...
insípida, cortante feito faca em exageros de causar irritação.
Hoje estou como olhar de criança carente...
querendo atenção, querendo o simples, o novo.

Vez em quando fico assim...
Cheia de fases e controvérsias, como toda mulher especial.


(((Camila Senna)))

Rosa vermelha e seu licor...


Lágrimas escorrem pelas curvas do meu rosto.
Seguro na mão, a rosa vermelha que um dia eu fui.
E luto, luto todos os dias para continuar sendo...
Mesmo não suportando o cotidiano, pois sou mulher de Áries!
Eu busco, eu tento, persisto e invento.
Pois sou o licor degustado com ardor.

Anel dourado no dedo e cheio de experiência.
Não todas, mas o suficiente para saber...
Que amar dói...
Mas também constrói.
Que amar alimenta...
Mas também pode matar.
Matar os sonhos...
Mas pode também ressuscitar, e dar um novo verso ao papel,
Que um dia foi escrito com muito amor e mel.

Corpo que se entrega e vive de teimosa a se entregar.
Que não se cansa de lutar.
E de intensa que é, busca ser imensa do tamanho do mar.
Sem obscuros a rodear...
Liberta e livre como o rouxinol.
Andando por becos,
Pontes,
Marginais,
Temporais,
E com alegria, roseirais...

“Querendo vida sem ferida
Querendo vitória sem ironia
Querendo poesia sem agonia...”

Quero me alimentar com os grãos da minha vida vivida...
Com as areias das minhas ilhas...
Lutando sempre pelos meus anseios.
Podem não ser os mais indicados, mas são meus...
Então, não interrompam, muito obrigado!
Você é dos meus.



((( Camila Senna )))




segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Não importa...




Não importa se a “negra” é da igreja ou do candomblé...
O que importa é que ela é rainha, negra pura, mestiça, guerreira, trabalhadora, e de quebra ainda tem samba no pé.


((( Camila Senna )))